domingo, 20 de setembro de 2009

20 09 09




pois então...
Finalmente tô com internet de novo depois de uma semana roots em Lobitos... Estou escrevendo do quarto 212 do Hotel El Sol em Chiclayo, e tá rolando uma festa em algum lugar perto da minha janela... mas vamos por partes...
Acho que nem falei sobre Montañita ainda... Bom, Montañita as poucas ruas que tem lembra um pouco a Ferrugem, sei lah. Tem vários barzinhos... Na noite rola um showzinho no fim de semana... Não tinha muita gente e da gente que tinha acho que metade era hippie vendendo alguma coisa... Mais gente pra vender do que pra comprar.. Tipo a Guarda... Mas chegamos lá eu e o Charlie depois de ir vendo o filme lá da Gueixa quase até o final, mas chegamos e eu não sei no fim o que acontece. Mas por isso acho que a viagem deve ter durado umas 2h, bem menos que as 3h30 que eu havia lido que levava de Guayaquil até lá. Ou a estrada antes era uma merda, porque agora é tranquila, ou o motora é tipo o outro que chegou em Guayaquil 2h antes... Ou os dois... Mas enfim, chegamos e o tempo tava cinza e meio que um chuvisqueiro... Um cara nos ofereceu hospedagem por 5 dólares por dia e a gente foi ver e acabou ficando. Era o lugar mais barato, mas não tinha café da manhã e no fim a gente acabou gastando o mesmo que se tivesse ficado em um melhorzin que custava 7 mas tinha café da manhã. Fui logo pegar minha prancha pra surfar a famosa direita que rola lá... Mas quando cheguei na praia o mar tava mexido e estranho tipo xangri-lá... E nada da tal da direita longa... Parece que só rola no verão... Um cara de Guayaquil que a gente conheceu no ônibus disse que esse é o pior mês... No fim fiquei um pouco no mar e enchi o saco... No outro dia o mar já estava um pouco melhor, mas melhor ainda tipo xangri-lá, nada de muito bom... Mas deu pra se divertir. Só que o tempo continuava a mesma merda... E depois o Charlie conversou com um local de lá que disse que faz mais de mês que o sol não aparece por lá... Isso foi meio desanimador... Como eu tava mais na pilha do surf mesmo decidi que ia voltar com o Charlie no outro dia e ir pra Lobitos, que eu sabia que sempre tem sol e onda. Na noite fomos no lugar onde tava rolando o showzinho e depois rolou um campeonato onde quem tomasse uma garrafa grande de ceva primeiro de canudinho ganhava uma garrafa de vodka. Eu nem gosto de vodka, mas tava tri afim de tomar uma ceva mas não tava disposto a gastar e fazia horas que tava sem tomar nada, então fui participar só pra poder tomar uma ceva grátis (foda era o canudinho... No meio do caminho já tava com dor de cabeça) . No fim um colombiano ganhou merecidamente. Eu tava no bolo disputando o segundo lugar... Não ganhei mas também não fiz fiasco... E ganhei minha ceva grátis.
No outro dia começamos a jornada de volta... Assistindo A Espera de um Milagre e perdendo o fim de novo... Depois ficamos mofando um pouco na rodoviária de Guayaquil esperando um ônibus que fosse durante a noite. Eu queria ir até Talara pra pegar uma van pra Lobitos mas no fim das contas acabei ficando no hotel em mancora de novo porque chegamos no meio da madrugada de novo... quando era pra chegar de manhã cedo... de novo... Mas tudo certo. Durmi um pouco e depois um cara do hotel mesmo me levou pra Lobitos...
Lobitos é praticamente uma cidade fantasma. É só um vilarejozinho que não tem praticamente nada, e um monte de ruínas de galpões e prédios no meio do deserto. Um pouco da história do lugar, segundo o dono da hospedagem onde fiquei: No fim do século 19 aquilo era uma vila de pescadores quando uns ingleses viram que a vegetação de lá, o Bosque Seco, era bom pra fazer carvão, que era o que tava se usando, então foram pra lá explorar aquilo tudo. Depois que devastaram tudo encontraram petróleo. Nesse tempo alí tinha uma baita estrutura... Morava uma galera lá e todo mundo tinha água e gás de graça, diz o cara. Depois com o golpe militar eles estatizaram as empresas de petróleo e mandaram os gringo embora. Ali virou uma baita base militar por sua posição estratégica. Daí rolou um conflito com o Equador e quando firmaram um tratado de paz eles se comprometeram de desmilitarizar a fronteira até uns 500 km parece. Então debandaram tudo de lá, e só ficaram uma meia dúzia de milico e um monte de ruínas de prédios. Hoje em dia não tem um supermercado... O mercado é uma sala da casa de uma família... que tu pode pedir o que tu quer pela janela... E tem de tudo naquele quartinho... Até gasolina se compra no mesmo lugar... Te trazem um galão de água cheio de gasolina e um funil por 10 soles... daí tu abastece e devolve a garrafa e o funil. E nós aqui cheio das legislação e licença ambiental pra poder abrir um posto por causa do risco de contaminação do solo... lá o posto é uma casa.
O lugar onde eu fiquei era uma casa onde mora só um cara, o Jean-Pierre, e tem dois quartos cada um com dois beliches. Quando eu cheguei já não tinha água... Mas parece que isso é meio comum.. Mas tinha um baita tonel de agua mas que já tava acabando tb... Quando acabou ficou um tempo sem, e a gente tinha que comprar água mineral pra cozinhar... banho e banheiro entao nem pensar... só no mato... Quando foi um cara lá pra encher o tonel com uns galões de água, que já dava pra usar o banheiro (usando um balde pra dar a descarga) eu já tava a 3 dias sem 'evacuar'... e daí no primeiro uso já entupi a porcaria e já ninguém mais pode usar e já ficou todo mundo de cara comigo e me tirando... mas q q eu posso fazer... Hoje depois de mais uns 3 ou 4 dias sem fui obrigado a ir no mato pela primeira vez na vida... Mais um aprendizado da viagem... heuhe...
O Jean-Pierre é Surfista de Cristo, vai direto na igreja, e tinha até uns DVD's do pastor Silas Malafaia, acho que é do Rio, que eu vi com ele: "As responsabilidades do homem e da Mulher no Casamento" e "12 motivos que levam um casamento ao fracasso"... Tudo embasado na Bíblia, é claro... Mas acho q foi bom eu ter ido parar lá porque me pilhei de ler um pouco a Bíblia de novo... E sei lá... sempre é bom... Sempre tem alguma coisa que faz todo sentido quando tu tá lendo... E é no mínimo a história de um Iluminado... é como ler a história do Buda ou algo assim (que eu acabei de ler uma e to lendo outra por sinal).
Mas no fim acabei surfando mais em Piscinas do que em Lobitos... Lobitos a onda é mais perfeita, mas é mais cavada, mais tubular e quando entra tem 20 cabeça tentando pegar a mesma onda sempre (isso não é uma hipérbole)... Piscinas a onda é mais gorda mas é mais constante e tem menos gente e menos corrente também... em Lobitos tu não para de remar um minuto... daí tá o tempo todo cansado... Daí pra entrar naquela onda cansado é complicado... se tu demora demais quando fica em pé só tem um buraco embaixo de ti e tu só vai... teve um dia que eu saí porque estava cansado de tanto apanhar do mar... No fim preferia ir pra Piscinas (ou La Piscina, segundo o Jean-Pierre) que depois que tu pega a manha de como entrar na onda não tem erro... Pode tá gigante que não tem problema (o único problema é entrar...). Peguei as melhores e as maiores ondas da minha vida lá com certeza...
Mas já tava legal de ficar lá... Conheci uma galera massa, me diverti, surfei bastante, mas já senti que tava na hora de ir... então hoje fui pra Talara pra pegar um ônibus pra pacasmayo ou chicama ou trujillo... mas acabei pegando um pra Chiclayo... agora não sei ainda o que vou fazer... queria conhecer uns museus que tem aqui mas são todos longe parece.... amanha vou ver qq eu faço... depois sigo pra uma das 3... ou as 3...
Hoje li num jornal no ônibus uma notícia bizarra: Uma mulher se negou a fazer sexo com o marido daí ele se emputeceu e pegou uma faca e deu na cara dela... daí deu uma pancada nela que ela apagou e ele achou que tinha matado ela e se desesperou e se deu uma facada na jugular... Mas tudo isso no escuro... daí nisso ele foi acender a luz e meteu a mão num fio desencapado e morreu eletrocutado... E uma foto dele de cueca todo ensanguentado no chão. BIZARRO. Ah, a mulher passa bem.

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