domingo, 11 de outubro de 2009

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Faz uma cara desde a última vez que eu escrevi e muita coisa já aconteceu desde então... Mas quanto mais o tempo passava mais coisa eu ia ter que escrever daí mais eu ficava me salameando com preguiça de escrever... mas como agora eu tenho 2h17min pra esperar o ônibus pra Arequipa e já estou esperando faz algumas horas e não tenho mais absolutamente nada pra fazer vou ficar aqui escrevendo no Word que depois quando eu puder eu posto.

Acho que a última vez que eu escrevi eu estava em Chiclayo... Pois bem... no outro dia eu fui fazer um tour pelos sítios arqueológicos e museus que tem por perto de Chiclayo. Eu, umas tias que acho que eram professoras, um casal de gringos que na soma devia ter uns 140 anos, e uma mãe com a filha. Programão. Fomos primeiro em um sítio arqueológico bem importante, onde encontraram uma tumba de alguém importante que ficou conhecido como o Senhor de Sipán. Também encontraram várias outras tumbas e tal... E tem um museu bem rico nessas coisas desses povos pré-Incas. Depois fomos em um outro museu em Lambayeque, que é do lado, onde tinham várias coisas de vários povos.. e uma sala só com coisas de ouro... E depois fomos na “maior pirâmide das américas”... Eles adoram dizer que tudo é o maior, mais extenso, mais importante, mais antigo... Talvez eles digam isso porque não podem dizer que é o “mais interessante”, daí metem um outro superlativo pros turista acharem que devem ir conhecer. Pois bem... a pirâmide, como boa parte das construções, foi feita de adobe, que são esses tijolos de barro que não vão pro forno. Mas depois de todos esses anos de ventos e El Nino ela foi sofrendo os efeitos da erosão como qualquer montanha, e hoje não dá pra dizer o que é pirâmide e o que é montanha... Além de que a pirâmide não tem uma forma exatamente piramidal... não tem uma ponta. São só como se fossem plataformas que foram sendo construídas um andar de cada vez, e às vezes dá pra ver onde termina um andar e começa outro... Mas de longe parece só um morro. Depois das pirâmides passamos em uma loja onde vendem os “famosos” King-kong, (ou kingkones, no plural) que é um doce tradicional que eles têm lá. Rolava uma degustação mas eu não curti e não comprei. Depois uma das tias me deu de presente um pacote de merengues com um recheio meio estranho que eu não consegui comer tudo e deixei o resto no hotel.

No outro dia fui até o terminal dos ônibus e comprei uma passagem para Pacasmayo, pra ver se rolava um surf. Eu sabia que não tinha swell nenhum, mas queria ver pra ter certeza. Desci do ônibus e peguei um moto-taxi até a praia pra ver se tavam rolando as ondas. Como elas não tinham nem 20cm eu voltei pra parada e peguei um ônibus até Trujillo, e de lá dividi com um casal de gringos um táxi até Huanchaco. Cheguei lá e fomos caminhando procurar hotel, e passou um bodyboarder saindo do mar e disse que tava num hotel ali perto que tinha banheiro privativo com água quente e TV a cabo por 15 soles, o Plazza’s, então fomos pra lá. Foi a sorte, porque na primeira noite, como fazia uns dois dias que eu não comia nada decente porque não encontrava nada de bom sem carne em Chiclayo e tava na base de pão e bolachinha, eu decidi procurar algo nutritivo pra comer, e achei um restaurante de comida mexicana que tinha um burrito vegetariano... Tinha varios vegetais e tal e feijão... Pensei que ia me fazer bem. No outro dia já acordei mal. Tentei ir até um lugar ali perto tomar café da manhã e achei que ia morrer no caminho. Não consegui comer e fiquei desarranjado por uns dois dias e meio. Dei graças a Deus que eu tava sozinho no quarto com um banheiro só pra mim, e que tinha TV a cabo, porque eu não saí do quarto praticamente. Ia até a esquina e tinha que voltar correndo pra ir no banheiro. Depois comprei um remédio que a mulher do hotel me recomendou e vários Gatorade e aos poucos fui melhorando. No fim fiquei uns 5 dias em Huanchaco quando podia ter ficado bem menos. Mas não dá nada. O ruim de ter um quarto só pra ti é que tu acaba não conhecendo ninguém. Tinha dias que eu só falei com a mulher da recepção.

Como eu estava acompanhando o swell que tava chegando pelo site do INPE (ondas.cptec.inpe.br), quando o swell tava chegando eu me larguei pra Chicama. Encontrei um gringo na recepção que tava com a bóia e tava indo pra Chicama de táxi daí eu já entrei na barca junto. No fim acabei gastando pouco mais do que eu teria gasto se tivesse pego um táxi sozinho até Trujillo e um ônibus até Chicama... Então tudo certo. Cheguei e os gringos ficaram um uma hospedagem que eu não curti e fui caminhando até o famoso El Hombre. Lá tinha uma galera bem legal... Um casal de alemães, uma inglesa que tava com um suíço, um uruguaio que vivia na Inglaterra... Todo mundo muito gente boa e um ambiente muito massa. Logo já fomos dar o banho. Como o Point ainda não tava funcionando fomos pegar onda no Cabo, que é a uma meia hora de distância caminhando por pedras de todas as formas e tamanhos possíveis. Ali era importante ter uma botinha... O que eu machuquei meus pés caminhando naquelas pedras não ta no gibi. Pra surfar no Cabo tem que pular de uma pedra na hora certa em que a onda vem, e então tu dá uma remadinha e uns joelhinhos e já começa a pegar as ondas... A corrente é bizarra, então não existe remar de volta... tem que ficar ligado em quando chega em uma parte em que tenha uma praiazinha com areia pra sair... Senão se tu tenta sair pelo lugar errado vai chutando pedra e pisando em pedra e se cortando o tempo todo. Mas é uma viagem porque tu pega uma onda e quando ela acaba tu espera ali mesmo e já vem outra e tu já pega e já segue... Depois sai, caminha de novo até o pico que se pula da pedra e vai de novo... Na segunda vez eu tava chegando mas não tava bem posicionado pra pular e veio a onda e eu fui pular acabei pulando meio atrasado e dei com o joelhão e os pés na pedra... Consegui furar o long no joelho e cortar afu meu pé... Bem pateta. Mas nesse dia já fiquei apavorado com como a onda era longa... Saí de lá quando já tava tri escuro e não se enxergava mais nada com um sorrisão no rosto de quem tinha pego as melhores ondas da vida até então. No outro dia de manhã fomos surfar lá de novo... Altas ondas, longas afu de novo... As ondas não eram muito grandes, mas eram boas e longas... depois que tu pega a manha de entrar na onda só vai... Na tarde dormi até umas 5 quase, mas já tava funcionando o point, então entrei ali e peguei a onda mais longa que eu já tinha pego na vida... Só peguei uma onda no point e depois outras pra sair e tava mais do que faceiro... No outro dia de manhã point de novo, e na tarde de novo. Na tarde peguei uma onda bizarra de longa, e quando ela fechou eu saí e já peguei a de trás e fui mais muuuito longe, daí quando terminou a de trás eu não peguei mas peguei a seguinte e fui muuuito longe de novo... Acho que andei mais de quilômetro em 3 ondas... Cheguei a ficar com as pernas cansadas. Ondas perfeitas, do tamanho que eu gosto.. Melhores ondas da vida com certeza. Mas depois quando entrei de novo o mar já tava piorando e a corrente aumentando e já não me dei mais muito. No outro dia já não tava mais funcionando o point então eu arrumei minhas coisas e fui embora... E o pessoal foi surfar no Cabo. Tava meio arrependido de ter ido embora... porque o pessoal era muito gente boa... tinha sido o melhor momento da minha viagem e eu tava indo embora... Mas esses dias encontrei os alemães em Lima e eles disseram que naquele dia as ondas tavam palha e eles também foram embora logo depois... Então não perdi nada no fim das contas.

De lá fui a Trujillo e então fui a Huaraz, na cordilheira branca, onde eu fiz o Trekking Llanganuco – Santa Cruz, de 4 dias e 3 noites, e foi simplesmente demais. Cada visual... Pra qualquer lugar que tu olhava a qualquer momento era uma vista maravilhosa... Na primeira noite quando chegamos no camping começou a chover, e eu já tava angustiado de ficar dentro da barraca cuidando pra não encostar nas paredes senão molhava tudo... Mas depois a chuva parou e não choveu mais o resto do tempo... e foi tudo certo... Bah, depois de surfar Chicama essa foi a melhor coisa que eu já fiz nessa viagem. Simplesmente não tem como descrever. A paz que tu sente quando senta na beira de uma lagoa com a água azul na beira de um pico nevado... Não tem explicação. Foi caro, mas valeu muito a pena.

De lá fui a Lima, queria vender minha prancha, mas no primeiro dia me pilhei de ir surfar em Miraflores, que era o bairro que eu tava, no hostel Pariwana. Só que eu tava a umas 10 quadras do mar, e era no meio da cidade. Saí de long e prancha e pé descalço pelo meio da city, no meio da galera de terno, todo mundo me olhando... Só eu assim... E ainda quando terminou a rua a praia ficava descendo um barranco a uns 500m pra baixo (tah, talvez menos) e não tinha por onde descer. Tive que andar mais umas 5 quadras até achar uma escadaria que fosse até a praia. Tava de cara já com a indiada que eu tinha me metido... E só pensando na roubada que ia ser voltar depois. Mas fui, surfei aquele mar meio palha... Uma onda gorda toda estranha... Mas foi uma experiência. Depois caminhei tudo de volta de novo e tava decidido a não fazer isso de novo. No mesmo dia conversei com uns brasileiros que tavam no hostel que eram biólogos e tavam lá prum congresso de ecotoxicologia e química ambiental, e no outro dia eu fui com eles pra lá. Assisti umas palestrinha... Me empanturrei no coffee-break... Mas nada de muuito interessante. Na noite fui inventar de ir na onda dum cara de Porto que tinha chegado e fomos pruma festa lá... El Dragón... Saí com 20 soles e umas moedas... E a entrada era 20 soles. Mas ganhava uma bebida. Segurei aquele papel que valia uma bebida até não agüentar mais de sede, porque sabia que ia ser a única coisa que eu ia beber a noite toda. A festa foi aquela mesma merda que é em todo lugar. Aperto, música ruim... A diferença é que todo mundo tinha cara de peruano. Olhando pra cara da galera dava pra entender a origem do nome do lugar... Terminou que uma hora eu achei um canto pra dormir, já que eu não tinha grana pra pagar um táxi sozinho e tinha que esperar o outro brasileiro e o portuga que foi junto... Só que os dois se engraçaram com umas local e eu tive que ficar esperando... Dormi quando tava rolando um Chemical Brothers e acordei com uma Salsa pegada. Sei lá quanto tempo durou... No fim deixamos o portuga lá e fomos embora... No outro dia fui sair pra vender minha prancha, mas o guardinha não quis deixar eu entrar com a prancha no centro comercial lá onde tinha uma loja de surf... Daí quando eu disse pra ele que eu só queria vender minha prancha um magrão que tava ali do lado perguntou “quanto?” e eu disse 150 soles e ele foi ali sacou dinheiro e comprou ali mesmo... Uma beleza... Ainda fiquei com as quilhas pra mim, que eram FCS, ainda que estejam um pouco detonadinhas... Saí faceiro, porque provavelmente a loja não ia comprar, ia ir lá mais pra perguntar onde podia vender, só que era feriado então deveria tah tudo fechado, mas apareceu o magrãozinho querendo uma prancha pra aprender... a minha tava boa pra aprender... Não tava muito inteira, mas tava barata e boa pra ele. E eu não ia ganhar mais que isso mesmo. Provavelmente nem isso. No mesmo dia já fui pegar o ônibus pra Pisco.

Pisco foi totalmente devastada por um terremoto em 2007, então não tem uma casa que não esteja meio em obras. O que não é ruína é obra. Parece um cenário de guerra. Dá medo de andar na rua na noite... sei lá. Mas dei uma banda até as agências de turismo e fechei o pacote pra Islãs Ballestas e Paracas pro outro dia. As Islãs Ballestas são um santuário pra uma cacetada de pássaros e leões marinhos... Tudo fede a merda de passarinho, e na real eles pegam toda aquela merda de tempos em tempos e vendem como fertilizantes. O guano, que é como chamam a merda, já foi o principal produto de exportação do Peru em outros tempos. E lá tem milhares de pássaros, então é muita merda. Lá tem os mesmos pássaros de pé azul que tem em Máncora, só que esses não tem pé azul. Fiquei teteando sobre isso... Dá pra ver bem como a evolução é algo que não tem como prever... Provavelmente quando apareceu um pássaro daqueles de pé azul mais pro norte ele que pegou todas as menininhas e deixou descendentes e daí elas só queriam saber dos de pé azul e quanto mais azul melhor então no norte todos tem pé azul e ali mais pro sul nenhum tem... O pé azul provavelmente não apresenta vantagem evolutiva ou adaptativa nenhuma, só é vantagem na hora de impressionar as passarinhas. A natureza é uma viagem. Depois fomos pra reserva nacional de Paracas, que foi meio decepcionante. Fomos até uma parte onde é território dos flamingos, só que a gente só podia chegar a uns 500m dos flamingos, mais ou menos... Dava pra no máximo supor que aquilo eram flamingos... não se enxergava nada. Tirei foto só pra constar mesmo, porque não aparece nada. Depois fomos num lugar onde supostamente dava pra ver uma formação rochosa que era conhecida como Catedral. Só que depois do terremoto mais da metade caiu e foi por água abaixo, então era só uma montanha de pedra, e no mirador tinha uma foto de como era antes, acho que pra galera não reclamar que não tinha catedral nenhuma. Depois fomos até uma outra praia pra almoçar e dpois fomos embora. Então peguei minhas coisas e fui pegar o ônibus pra Ica.

De Ica fui direto a Huacachina, que é um oásis no meio do deserto, onde tem vários hotéis e restaurantes e onde rola uns passeios de buggie pelas dunas. Cheguei lá verde de fome e com 4 soles no bolso e lá não tinha lugar pra trocar dinheiro e nem caixa eletrônico. Fiquei muito tempo dando banda procurando até aceitar ser extorquido por uma mulher que trocou pra mim a 2,60 quando o normal eh 2,80 só pra conseguir comer já que eu tava só com o café da manhã. Fui pra cama cedo, e no outro dia (hoje, no caso) acordei cedo e fui fazer o passeio de buggie e sandboard. O buggie aqui não é como os que tem no Brasil, é um negócio muito mais seguro que se virar não vai morrer todo mundo porque é tipo uma gaiola e todos banco tem cinto e tem lugar prumas 8 pessoas eu acho... Ou mais até... É bem grande. Foi bem massa o passeio... Montanha Russa praticamente... daí volta e meia a gente parava pra descer de sandboard. Me quebrei umas vezes como não podia deixar de ser, mas foi massa. Quando acabou peguei minhas coisas e vim pra Nazca. Parei num mirador onde supostamente daria pra ver umas das figuras, mas mal se via uma que outra. Mas já tinha gastado muito nos últimos dias e não pilhei de dar a banda de avião... Queriam 65 dolares no hotel... Vou deixar pra ir uma outra oportunidade... É bom não ver tudo agora pra poder voltar depois e ainda ter coisa nova pra ver... Depois passei o resto do dia em Nazca vegetando esperando o ônibus... E agora já ta na hora de embarcar. Quando rolar a internet eu posto isso tudo que já deu 4 páginas do Word e não acredito que alguém vá ler até o fim.

Ah, hoje faz 3 meses que eu saí...