sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

16 01 10

Já faz tempo que eu cheguei em casa e nem pensava mais em escrever aqui mas não queria que isso fosse mais uma coisa que eu começo e não termino... Então decidi escrever sobre o resto da viagem só para ficar registrado.
Meus dias em pucón não foram lá muito produtivos... O tempo estava feio todos os dias e eu quase só fiquei na sala do albergue curtindo uma lareira e olhando tv. Com o tempo nublado já não dava mais pra ver o vulcão, daí nem pilhei mais de subir porque igual lá de cima não ia enxergar nada. Então tentei ligar pro Max pra ir la visitar ele já que eu estava mais ou menos perto. Quando liguei a mulher dele já estava em trabalho de parto em casa e ele pediu pra eu esperar uns dias pra ir lá. No fim das contas ela acabou tendo a filha no hospital e ia ficar lá mais uns dias, então quando eu fui pra Valdívia ela ainda estava no hospital. A casa do Max fica numa praia chamada Niebla que é a uma meia hora de Valdívia. No dia que eu cheguei fui esperar por ele na praia e passei o dia lá e já conheci os amigos dele que vivem por lá também. O lugar lá era totalmente diferente de qualquer outro que eu tinha ido. Lá chove 8 meses por ano sendo otimista... Então é mais frio e úmido mas por isso também tem muito mais vegetação. A praia não é de areia normal, é tipo umas pedrinhas bem pequenas e pretas.. E é uma baía bem fechada então nao tem onda ali, só uma que quebra na beirinha mas que já pode te derrubar também...
Ter ido pra lá foi uma coisa muito boa... Estar em uma casa com um amigo que não via havia mais de dois anos depois de tanto tempo sozinho... Poder tocar violão e cantar as musicas que a gente cantava na Pachamama... Foram momentos muito legais... De muita espiritualidade também que eu também tava precisando... Conversamos bastante sobre nossos aprendizados viajando e ele me mostrou muita coisa de todos os lugares que ele esteve nesses dois anos viajando... E quando a mulher dele chegou com a filha eu achei que ia ficar meio deslocado ou que a guria ia chorar o tempo todo mas no fim não foi nada disso... Ela era uma anjinha que quase não chorava e que ficava ali enquanto a gente tocava e cantava... Ayun Jaci é o nome dela... não sei se é assim que se escreve. Ayun é "amada" em mapuche que é o povo nativo daquela região do Chile e Jaci é "lua" em guarani.
Meus dias lá foram bem sossegados... Descansei bastante, me alimentei bem como fazia tempo que não me alimentava, fui algumas vezes a Valdívia... Mas já tava sentindo que era hora de voltar.. Fiz as contas e vi que dava pra eu chegar em casa pro natal se eu quisesse, seguindo o roteiro que eu tinha planejado. Então um dia peguei um ônibus pra Bariloche.
O caminho a Bariloche era lindo demais... Também era um visual totalmente novo... Tinha neve mas tinha uma vegetação também... E já no lado argentino tinha uma região com lagos e montanhas muito lindos... Passamos por uma cidadezinha chamada Villa La Angostura que eu achei demais... a paisagem linda demais e a cidade tinha um clima massa... Deu até vontade de ficar por lá mesmo mas achei que Bariloche ia ser tipo aquilo então tudo certo... Mas Bariloche já era menos bonito que lá. Cheguei em Bariloche e fui até o albergue deixar minhas coisas e depois queria comprar minha passagem pro Tren Patagónico que ia sair depois de uns dias... E aí minha sorte voltou né.. Depois de ter pego um taxi caro da rodoviária ao albergue eu descobri que a estação de trem era do lado da rodoviária então pra comprar a passagem ia ter que voltar até lá. Beleza. Perguntei pra guria da recepção do albergue se dava pra ir a pé e ela disse que era meio longe mas dava... Mas eu pensando em todas pernada que já tinha dado carregando mochila e o escambau não ia me mixar pra uma caminhadinha de uns 40 minutos (segundo ela) no plano na beira do lago... E me fui. Claro que os 40 minutos não eram 40 minutos e que a merda da estação não chegava nunca... Mas depois de muito andar finalmente cheguei na estação de trem pra comprar minha passagem. Nem preciso dizer que estava fechada... Talvez se eu tivesse ido de ônibus teria chegado a tempo mas nessas de querer ir a pé só me atolei. Normal... Voltei pro albergue sabendo que no outro dia ia ter que ir de novo. Acabei nem fazendo muita coisa em Bariloche. Só dei umas bandas pela cidade mesmo... Não tava mais no clima turismo e nem na pilha do trekking ou rafting ou sei lá mais o que tinha pra fazer. O albergue que eu fiquei tinha o melhor café da manhã de todos, faziam ovos mexidos e panqueca na hora ali e tinha suco e até doce de leite. Eu acordava pra tomar o café e depois voltava pra cama sempre. Não perdia o café por nada... Até porque daí eu só precisava mais uma refeição decente no dia...
Até que chegou o dia de ir embora.. Durante o dia eu encontrei no albergue um pessoal q tinha conhecido um dia antes e ficamo tomando um vinho e jogando sinuca o dia inteiro... Na hora de ir pro trem eu já tava gelado e o taxi que eu pedi chegou atrasadaço e acabei chegando no trem em cima da hora. Bebaço, sem comida nem água, sem ter comido nada o dia inteiro pra encarar uma viagem que ia durar a noite toda. O trem nem preciso dizer que mesmo a classe que eu peguei era um lixo... tri desconfortável, sem nem um filmezinho pra assistir... Além de ser lento afu. Pensei que pelo menos eu ia capotar no sono e acordar só no outro dia, mas eu dei uma cochilada e acordei depois com uma baita dor de cabeça e não conseguia mais dormir, além de uma boca seca dos inferno. fui procurar meu dinheiro e não achei. revirei tudo e nada... Comecei a ficar atacado... Daí me dei conta que eu tinha perdido meu cartão de crédito que tava dentro de uma agendinha que eu perdi lá em Pucón umas duas semanas antes e eu não tinha me ligado, achei que tinha perdido só a agenda. Beleza. Viagem dos inferno. Dor de cabeça, sede, totalmente desconfortável, atucanado com a história do cartão de crédito e sem dinheiro pra comprar uma água que fosse dentro do trem. Felizmente a mulher que tava do meu lado viu meu desespero e me deu um gole de refri e depois me deu até uma maçã. Mas enfim... o tempo passou e eu cheguei em Viedma, daonde fui pegar um outro ônibus de mais umas 4 horas até Bahia Blanca de onde ia pegar outro trem até Buenos Aires. Tudo isso porque eu queria andar de trem porque já tinha andado muito de ônibus... Mas daí eu entendi por que os trens cairam em desuso... É uma merda andar de trem! ônibus é mais rápido, mais confortável, ter ar condicionado e filmezinho e as vezes até um refri e um rango. Se alguém pensa em ir pra Bariloche não vá de trem que não vale a pena nem um pouco. Ainda cheguei em Bahia Blanca e fui pro hostel que era o mais palha dos que eu fiquei. E a cidade era muito palha... Eu só tinha visto no mapa que ela ficava na costa, achei que ia rolar uma praia no atlântico mas a praia ficava a mais de uma hora de distância e não tava valendo. Sorte que eu só precisei ficar lá uma noite porque o trem saía no outro dia... Mais um trem muito palha. Só fui de trem de novo porque já tava ali e o onibus era bem mais caro... Então depois de 3 dias cheguei finalmente em Buenos Aires e fui pro hostel que a Nathi me indicou... Quando tava chegando encontrei o dinheiro que eu não tinha achado no outro trem... Deu um alívio mas uma raiva por ter passado um perrengue desnecessário antes. Dei uma caminhada pela cidade e encontrei um restauras vegetariano muito bom... Tava precisando me alimentar direito depois de tanto tempo só comendo porcaria. Na noite encontrei um pessoal que eu conheci em Bariloche e que saíram de lá depois de mim de ônibus e chegaram em BA antes de mim. Fui com eles numa noite meio palha lah soh pra gastar dinheiro. na saída da noite esperando um taxi veio um magrão pedir umas moedas e quando eu fui pegar já chegaram outros pra assaltar o cara. levaram o que eu tinha de dinheiro e o que o pessoal tinha tb mas pelo menos não levaram nada mais importante. No outro dia dormi praticamente todo o dia e não fiz nada de muito útil e na noite só dei uma voltinha porque no outro dia tinha que acordar cedo pra pegar o ferry pra ir pro uruguai.
O ferry saía tipo 9 e meia e eu acordei tipo 9. Saí na corrida peguei um taxi e acabei chegando lá faltando uns 2 minutos mas disseram que já não rolava mais. Tive que esperar até o meio-dia pra pegar outro. Achei que ia ser um barco simplezinho mas era um baita navio cheio da onda... Só que eu acabei dormindo o caminho todo. Cheguei em Colonia de Sacramento e fui dar uma banda pela cidade, mas obviamente quando fui pegar a maquina pra tirar umas fotos não tinha nada de bateria. Mas dei umas bandas pela cidade e achei bem legal... não fiquei muito por dentro da história do lugar mas só de caminhar por lá já valeu a tarde. No fim do dia peguei o bus pra montevidéu. Lá eu ia passar a noite na casa duma conhecida minha e no outro dia ia pra Cabo Polonio, que a mulher do Max disse que era massa. Essa conhecida minha morava cm mais uma galera e eu fiquei perdidaço lá mas tudo bem... Daí como tava indo pra praia no outro dia meio que perguntei se nao era afim de ir também mais por educaçao mas ela quis ir junto então no outro dia fomos juntos de ônibus até Valizas. O ônibus passava na frente do camping mas na hora de descer eu perdi o papel da bagagem e o cara disse que eu só ia poder pegar minha mochila no fim da linha então fui até a rodoviária que era longe afu pra poder pegar a mochila e depois voltamos na pernada até o camping. No outro dia fomos até a cidade comprar umas coisas pra comer e depois pegamos uma carona até o lugar onde se pega uns caminhões pra ir pra Cabo Polonio, que é o único jeito de chegar lá. A praia é muito bonita... Só tem umas casas meio perdidas e praticamente não entra carro lá então só tem um ou outro 4x4. Tem um farol lá mas que tinha que pagar pra subir então não pilhei de subir e tem uma parte onde tem umas pedras e tinha muuuito lobo marinho. Ou leão marinho Sei lá. um bicho desses. Muito massa. Passei o dia lá e na noite voltamos pro camping e no outro dia fui pegar o ônibus pro Chuí. Acabei pegando o ônibus perto do meio dia e tive que passar o dia inteiro no Chuí porque o ônibus pra Porto Alegre era só às 11 da noite. Mas no caminho até o Chuí o ônibus entrou ali no forte de Santa Teresa onde eu fui com a neni num carnaval... Enchi os olhos de agua lembrando da gente vendo as estrelas lá e pensando que faltava pouco pra eu ver a minha pestinha de novo... Tava quase...
Como cheguei no Chuí já na magra da grana não tinha muito o que fazer. Fui comprar a passagem e já tive que ficar devendo uma parte porque não tinha todo o dinheiro. Minha última nota de 100 dólares tinha um rasgadinho e ninguém trocava, e eu levei uma vida pra encontrar um caixa eletronico pra tirar o pouco que restava no Visa Travel. Gastei o pouco que eu tinha pra comprar alguns presentes obrigatórios e fiquei tentando matar o tempo até a hora do ônibus. Daí quando faltava uma meia hora eu me dei conta de que eu não tinha carimbado a saída do Uruguai... pensei "mas o ônibus não parou em nenhum lugar", mas óbvio que não ia parar... Era ônibus intermunicipal... E não ia ser do lado brasileiro que ia ter uma aduana uruguaia... Saí no desespero na corrida atrás de um taxi pra me levar até a aduana carimbar a saída e voltar. Por sorte deu tempo... E ainda bem que eu fui senão ia ficar como se eu não tivesse saído e depois se fosse voltar pra lá ia ter que pagar multa porque só podia ficar 90 dias... O ônibus até porto não tinha filmezinho nem nada mas eu tava tão feliz de estar voltando finalmente que nem me importei com nada. Cheguei em porto de manhã e fui pegar o direto pra NH. Fazer aquele caminho da rodoviária até a parada do direto deu uma deprê... só de pensar que eu vou ter que enfrentar tudo de novo todos os dias quando começar as aulas já me deu uma bad... mas deu um alívio de pensar que eu podia ter passado por isso o semestre inteiro mas ao invés disso eu tava pelo mundão conhecendo coisas novas todos os dias... Então peguei o direto e no dia 22/12/2009 eu cheguei de novo em casa acabado e com 12 reais na pochete.
E era isso. E as fotos tão demorando pra ir então vai ficar pra outra hora.
Fim